Entidades criticam aumento da taxa de juros no Brasil

Setor produtivo vê riscos na decisão do BC.

Entidades criticam aumento da taxa de juros no Brasil

Notícia publicada em 06/11/2024 20:50 - #economia


Recentemente, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu aumentar a Taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira, para 11,25% ao ano. Essa decisão gerou uma onda de críticas, especialmente do setor produtivo, que acredita que essa elevação pode prejudicar a recuperação econômica do país. A preocupação é ainda maior considerando que, enquanto o Brasil aumenta os juros, os Estados Unidos estão começando a cortá-los.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi uma das entidades que se manifestou contra essa decisão. Em uma nota oficial, a CNI expressou sua indignação e afirmou que a taxa de juros está em um nível excessivo e incompatível com a realidade econômica do Brasil. Segundo a confederação, o aumento da Selic pode trazer restrições adicionais à atividade econômica, o que pode resultar em impactos negativos sobre o emprego e a renda da população. Além disso, a CNI destacou que a taxa básica de juros ideal deveria ser de 8,4% ao ano, levando em conta a inflação dos últimos 12 meses. Mesmo considerando as expectativas de inflação, a taxa de equilíbrio seria de 9,3% ao ano.

Outra entidade que se manifestou foi a Associação Paulista de Supermercados (Apas). A Apas acredita que o aumento dos juros pode prejudicar a atividade econômica e desestimular investimentos. A associação pediu que o governo avance em um pacote de cortes de gastos obrigatórios, o que poderia ajudar a reduzir os juros no futuro. O economista-chefe da Apas, Felipe Queiroz, ressaltou a importância de uma política macroeconômica coordenada, onde a política fiscal desempenha um papel crucial na estabilização das expectativas e no desenvolvimento sustentável da economia brasileira.

As centrais sindicais também se mostraram contrárias ao aumento da Selic. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), por exemplo, afirmou que essa medida aumenta o aperto financeiro tanto para a população quanto para as empresas. A CUT lembrou que o Brasil é um dos países que mais pagam juros reais (juros acima da inflação) no mundo, enquanto enfrenta um aumento no número de empresas que solicitam recuperação judicial.

A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, destacou que a política monetária atual tem causado danos irreparáveis ao desenvolvimento do Brasil. Ela explicou que o aumento da Selic eleva o custo do dinheiro, o que impacta diretamente as famílias e empresas, aumentando o endividamento de quem precisa de empréstimos. Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) foi citado, mostrando que um aumento de 0,5 ponto na Selic pode elevar em R$ 26 bilhões os gastos da União com juros de títulos públicos. Cada aumento de 1 ponto percentual na Selic, segundo o estudo, pode aumentar os custos em R$ 40 bilhões.

A Força Sindical também se manifestou, classificando a decisão do Copom como “irracional, nefasta e desastrosa”. O presidente da entidade, Miguel Torres, criticou a decisão do Banco Central, afirmando que ela vai na contramão do desenvolvimento do país. Ele argumentou que aumentar a taxa de juros é uma forma de asfixiar os trabalhadores e que, sem cortes significativos, haverá uma redução nos investimentos e nas chances de crescimento econômico. Torres enfatizou que juros altos prejudicam as finanças do país e inviabilizam o desenvolvimento e a geração de empregos com melhores salários.

Diante de todas essas críticas, fica evidente que a decisão do Copom de elevar a Selic para 11,25% ao ano não é bem recebida por diversos setores da sociedade. As entidades e associações expressam preocupações sobre os impactos que essa medida pode ter na economia, no emprego e na renda da população, além de sugerirem que é necessário um esforço conjunto para que a política econômica do país possa avançar de forma sustentável e equilibrada.


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O Banco Central do Brasil (BCB) é a instituição responsável pela política monetária do país, atuando como o banco dos bancos e regulador do sistema financeiro nacional. Criado em 31 de dezembro de 1964, o Banco Central tem como principais objetivos garantir a estabilidade do poder de compra da mo... Ver wiki completa