Governo busca fortalecer ensino de história afro-brasileira
Governo quer ampliar ensino de cultura afro-brasileira.
Notícia publicada em 06/11/2024 12:47 - #sociedade_comportamento
O governo brasileiro, por meio da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, anunciou nesta quarta-feira (6) a intenção de ampliar o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas do país. Essa iniciativa está alinhada com a Lei 10.639/03, que já está em vigor há 21 anos, mas que ainda enfrenta desafios significativos em sua implementação. De acordo com Anielle, apenas 17% das escolas brasileiras estão aplicando essa lei, o que é considerado um número alarmante e insuficiente.
Durante uma entrevista no programa Bom dia, ministra, transmitido pelo Canal Gov, Anielle destacou a importância de incluir a história afro-brasileira no currículo escolar. Ela afirmou que "apagar essa parte da história é muito cruel com o povo negro". A ministra também mencionou que o ministro da Educação, Camilo Santana, está comprometido em garantir que a aplicação da lei se torne uma realidade nas escolas. No entanto, ela ressaltou que existem estudos que mostram que a adesão à lei é ainda menor em algumas regiões do Brasil.
Um dos pontos abordados por Anielle foi o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, que é "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil". Segundo a ministra, esse tema traz visibilidade para as pautas relacionadas à luta do povo negro e dos movimentos sociais que defendem a igualdade racial. Ela compartilhou sua experiência como professora, lembrando que muitas vezes teve que buscar imagens de pessoas negras para mostrar aos alunos, já que os livros didáticos não apresentavam essa diversidade.
Anielle enfatizou que a lei é fundamental para fortalecer o ensino da história afro-brasileira e que é necessário criar oportunidades para a população negra, tanto na educação quanto no mercado de trabalho. Ela acredita que um país que valoriza a diversidade é um país mais forte e igualitário.
Para apoiar essa iniciativa, o governo lançou o programa Caminhos Amefricanos, que promove intercâmbios entre estudantes e professores de países latino-americanos e africanos. No dia 21 deste mês, ocorrerá a formatura da primeira turma de 150 docentes que participaram desse programa. O objetivo é que esses professores adquiram conhecimento sobre a história e cultura de outros países e possam aplicar esse aprendizado em suas aulas.
Anielle também anunciou que novos editais para intercâmbios estão previstos para o próximo ano, com foco em países como Angola, República Dominicana e Peru. Os dois primeiros editais já enviaram docentes e estudantes para Moçambique, Cabo Verde e Colômbia.
No mês da Consciência Negra, a ministra falou sobre as diversas agendas do ministério, que incluem a aceleração da titulação de terras quilombolas e a promoção da igualdade racial em fóruns internacionais. Além disso, ela mencionou que o ministério está trabalhando para combater a violência política de gênero e raça. Em parceria com o BNDES, o ministério deve lançar um edital de R$ 30 milhões para fortalecer os quilombos da Amazônia.
A Consciência Negra é um tema central nas discussões do governo, especialmente com a aproximação do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, que será comemorado no dia 20 de novembro. Essa data é um feriado nacional que homenageia a memória de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, um dos maiores focos de resistência contra a escravização negra no Brasil durante o período colonial.
A luta pela valorização da cultura afro-brasileira e pela inclusão da história negra no currículo escolar é um passo importante para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O governo, por meio de suas ações e programas, busca garantir que a história e a cultura afro-brasileira sejam reconhecidas e respeitadas, promovendo assim a diversidade e a igualdade racial no país.