Taxa de juros alta mantém consumidores em dificuldades financeiras

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou recentemente os resultados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), que revela um cenário preocupante para os consumidores brasileiros. A pesquisa, que é realizada mensalmente, mostra que a taxa de juros elevada no Brasil está dificultando a vida de muitas famílias, especialmente aquelas que já estão enfrentando problemas financeiros.

Em outubro, 29,3% dos consumidores estavam com dívidas em atraso de mais de 30 dias. Esse número é um pouco maior do que o registrado em setembro, que foi de 29,0%. Comparando com o mesmo mês do ano anterior, em outubro de 2023, a taxa de inadimplência era de 29,7%, o que indica que a situação não está melhorando. Além disso, o levantamento também revelou que 50,4% das famílias que estão endividadas têm dívidas que estão atrasadas há mais de 90 dias. Este é o maior percentual desde fevereiro de 2018, o que mostra que as pessoas estão demorando mais para conseguir quitar suas dívidas.

A pesquisa aponta que o aumento das taxas de juros tem um impacto direto no encarecimento das dívidas. Isso significa que, com os juros mais altos, as parcelas das dívidas ficam mais caras, e as famílias precisam de mais tempo para conseguir pagá-las. O estudo destaca que o comprometimento da renda das famílias está se tornando cada vez mais desafiador, o que contribui para o aumento do número de pessoas que não conseguem pagar suas contas em dia. Mesmo com prazos mais longos para quitar as dívidas, isso não tem sido suficiente para compensar a alta dos juros.

Outro ponto importante levantado pela pesquisa é a situação das famílias de menor renda, que são as mais afetadas pela alta dos juros. Entre as famílias que recebem até três salários mínimos, a inadimplência chegou a 37,7% em outubro. Isso reflete como as condições de crédito mais restritivas e os juros elevados impactam diretamente o orçamento das pessoas que já estão em uma situação financeira vulnerável. Apesar de uma leve redução no endividamento geral, que caiu para 76,9%, o que mostra que as famílias estão sendo mais cautelosas ao usar crédito, a situação ainda é preocupante.

José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, comentou sobre a situação, afirmando que a dependência de crédito em um cenário de juros altos torna a quitação de dívidas um desafio ainda maior para as famílias mais pobres. Ele acredita que, se forem adotadas medidas para reduzir os gastos públicos, isso poderia abrir espaço para uma possível queda nas taxas de juros. Essa redução traria um alívio significativo tanto para os consumidores quanto para a economia do país.

A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) é realizada pela CNC desde janeiro de 2010 e coleta dados em todas as capitais do Brasil e no Distrito Federal, envolvendo aproximadamente 18 mil consumidores. Os resultados da pesquisa são fundamentais para entender a situação financeira das famílias brasileiras e as dificuldades que elas enfrentam no dia a dia.

Em resumo, a alta taxa de juros no Brasil está segurando muitas famílias em um ciclo de inadimplência, dificultando a quitação de dívidas e aumentando a pressão sobre o orçamento das pessoas. A situação é especialmente crítica para as famílias de menor renda, que são as mais afetadas por essa realidade. A esperança é que, com medidas adequadas, seja possível aliviar essa carga e melhorar a situação financeira dos consumidores brasileiros.