Desafios da Educação em Belo Horizonte para o Novo Prefeito

O ensino fundamental em Belo Horizonte enfrenta um grande desafio, especialmente para o próximo prefeito que assumirá a cidade. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade do ensino nas escolas, apresentou uma queda significativa nos últimos anos. Essa situação é preocupante, pois a cidade, que já foi referência em educação, agora ocupa a 10ª posição no ranking nacional, perdendo a liderança entre as capitais do Sudeste para cidades como Rio de Janeiro e Vitória.

Nos últimos dez anos, entre 2007 e 2017, o Ideb para os primeiros anos do ensino fundamental em Belo Horizonte subiu de 4,4 para 6,3. Durante esse período, a cidade se destacou, alcançando o 5º lugar no ranking nacional em 2017. No entanto, a situação começou a mudar. Em 2019, o Ideb caiu para 6,0 e, em 2021, para 5,8. A última edição, realizada em 2023, mostrou que a cidade manteve esse índice, mas ainda assim, isso não foi suficiente para evitar a queda no ranking.

O ensino fundamental abrange os anos do 1º ao 5º, atendendo principalmente crianças de 6 a 10 anos. Embora o governo estadual também ofereça esse nível de ensino, as prefeituras são responsáveis pela maior parte da educação nessa faixa etária. Por isso, o Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) incluiu os dados do Ideb em um relatório que visa chamar a atenção dos candidatos a prefeito sobre a importância de apresentar propostas concretas para melhorar a educação na cidade.

Os candidatos que estão disputando o segundo turno das eleições municipais, Fuad Noman (PSD) e Bruno Engler (PL), terão a responsabilidade de reverter essa situação e buscar a recuperação dos índices de qualidade do ensino. O Ideb é uma ferramenta importante, pois é utilizado pelo Ministério da Educação (MEC) para desenvolver políticas públicas que visam melhorar a educação no Brasil, com a meta de alcançar uma média de 6,7 até 2030.

Atualmente, as escolas da rede municipal de Belo Horizonte atendem cerca de 64.499 estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, e a prefeitura afirma que não há lista de espera para essa faixa etária. Para 2026, está prevista a inauguração de uma nova unidade de ensino fundamental, além de um esforço para aumentar o número de creches, especialmente para crianças de 0 a 2 anos.

A pandemia de covid-19 teve um impacto significativo na educação em Belo Horizonte, assim como em todo o Brasil. As escolas enfrentaram a suspensão das atividades presenciais e a necessidade de adaptação ao ensino remoto. O professor Carlos Roberto Jamil Cury, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), destaca que a análise do Ideb deve considerar os efeitos da pandemia, que afetou a qualidade do ensino e a aprendizagem dos alunos.

A média nacional do Ideb, que vinha crescendo desde 2005, também sofreu uma queda em 2021, mas voltou a subir na última edição, alcançando 6,0. Belo Horizonte, por sua vez, ainda busca se recuperar desse impacto. O professor Cury sugere que é necessário realizar uma análise mais detalhada das diferentes regiões da cidade para entender como a pandemia afetou cada uma delas, especialmente as áreas mais periféricas, onde o acesso a recursos e tecnologias de ensino remoto pode ter sido limitado.

Os candidatos a prefeito têm focado suas propostas na questão das creches, que é um desafio não apenas para Belo Horizonte, mas para todo o Brasil. No entanto, o professor Cury observa que as discussões sobre educação precisam ser mais profundas, abordando não apenas a ampliação de vagas, mas também a elaboração de um Plano Municipal de Educação que inclua estratégias e metas claras.

Outro ponto importante levantado por Cury é a necessidade de melhorar a formação continuada dos professores. Para isso, é fundamental ter uma análise que identifique os problemas enfrentados por cada região da cidade. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede/BH) também destaca a importância de melhores condições de trabalho para os professores, incluindo o pagamento integral do piso salarial e a garantia de horas dedicadas ao planejamento.

Em resumo, o próximo prefeito de Belo Horizonte terá um grande desafio pela frente: reverter a queda no Ideb e melhorar a qualidade do ensino fundamental na cidade. Isso exigirá propostas concretas, um olhar atento às necessidades das diferentes regiões e um compromisso com a formação e valorização dos professores.