Rivaldo Barbosa expressa humilhação por uso de algemas

Ex-delegado fala sobre sua prisão e humilhação.

Rivaldo Barbosa expressa humilhação por uso de algemas

Notícia publicada em 25/10/2024 18:17 - #sociedade_comportamento


Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, fez uma declaração impactante ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira, 25 de agosto. Ele expressou sua humilhação por ter que usar algemas nos pés enquanto está preso no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Barbosa está sendo acusado de homicídio e organização criminosa, em um caso que ganhou notoriedade nacional devido ao assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018.

Durante seu depoimento, que ocorreu de forma virtual, Rivaldo Barbosa revelou que está encarcerado há sete meses e que não tem contato com outros detentos. Ele descreveu a experiência de estar algemado como uma situação extremamente degradante. "Estou com os pés algemados. É muita humilhação. Eu fico me perguntando: Deus, o que eu fiz para estar aqui?", disse ele, demonstrando seu desespero e indignação.

Barbosa também compartilhou detalhes sobre os momentos que antecederam sua prisão. Ele contou que, antes de ser levado pelos agentes da Polícia Federal, fez uma oração com sua família. "Na hora que estava saindo, minha filha Letícia levantou do sofá e disse: A gente vai fazer uma oração. Ela pediu: Deus, traz a verdade. Só te peço a verdade", relatou emocionado.

Além de falar sobre sua situação, o ex-delegado criticou a forma como os policiais federais conduziram sua prisão, especialmente em relação à sua esposa, Érica Andrade. Ela é acusada de estar envolvida em atividades de lavagem de dinheiro que supostamente beneficiaram o casal. Rivaldo afirmou que a policial federal não teve sensibilidade ao abordar sua esposa, que estava vestida de forma informal. "A policial mandou ela sair [do quarto] de babydool, ficar assim na frente do porteiro. Vou chamar de falta de sensibilidade para não ir além", comentou.

Rivaldo Barbosa também se defendeu das acusações de envolvimento com Ronnie Lessa e os irmãos Brazão, que são figuras centrais na investigação. Lessa é o principal delator do caso e confessou ser o autor dos disparos que mataram Marielle Franco. Ele alega que Rivaldo e os irmãos Brazão foram os mandantes do crime. Barbosa, por sua vez, negou qualquer tipo de relacionamento com eles, buscando se distanciar das acusações.

Além de Rivaldo Barbosa, outros réus no caso incluem os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, além do major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira. Todos eles estão sendo processados por homicídio e organização criminosa, e permanecem presos por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

A investigação da Polícia Federal aponta que o assassinato de Marielle Franco está ligado ao seu posicionamento contrário aos interesses do grupo político liderado pelos irmãos Brazão, que têm conexões com questões fundiárias em áreas dominadas por milícias no Rio de Janeiro. Os investigadores afirmam que Rivaldo Barbosa teria planejado meticulosamente o crime e atuado para obstruir a investigação inicial.

O caso de Marielle Franco continua a ser um dos mais emblemáticos do Brasil, levantando questões sobre a violência política e a atuação de milícias no país. A luta por justiça e verdade em relação ao assassinato da vereadora ainda é um tema central nas discussões sobre segurança pública e direitos humanos no Brasil. O depoimento de Rivaldo Barbosa ao STF é mais um capítulo dessa história complexa e dolorosa, que ainda busca respostas e justiça para a família de Marielle e para a sociedade brasileira.


Wiki: Marielle Franco (política)
Marielle Franco foi uma política e ativista brasileira, nascida em 27 de julho de 1979, no município do Rio de Janeiro. Ela se destacou como uma das vozes mais proeminentes na luta pelos direitos humanos, especialmente em questões relacionadas à violência policial, desigualdade social e direitos ... Ver wiki completa