Brasil registra 1,3 milhão de óbitos entre 2021 e 2022

Entre agosto de 2021 e julho de 2022, o Brasil registrou um total de 1.326.138 óbitos, conforme os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (25). Desses falecimentos, 54,5% eram de homens, totalizando 722.225, enquanto 45,5% eram de mulheres, somando 603.913. Esses números fazem parte da pesquisa do Censo Demográfico 2022, que também analisou a composição domiciliar e os óbitos informados pelos entrevistados.

Os dados foram coletados através de entrevistas, mas também se basearam em informações do Registro Civil do IBGE e do Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. É importante destacar que o número de mortes registrado pelo Censo foi menor do que o indicado pelo SIM. O IBGE explicou que essa diferença é comum em pesquisas domiciliares e pode ser atribuída a erros de memória dos entrevistados ou à dificuldade de registrar óbitos em domicílios unipessoais, onde vive apenas uma pessoa. Além disso, pode haver casos em que as mortes foram informadas mais de uma vez, especialmente em domicílios que foram desmembrados.

A pesquisadora Izabel Marri, do IBGE, esclareceu que, devido a essas limitações, o instituto considera também os dados dos registros civis, que são mais completos. Ela destacou que, em domicílios unipessoais, a morte de uma pessoa resulta na perda da informação sobre o óbito, já que não há ninguém para informar. Portanto, os dados do Censo são considerados subdeclarados, mas ainda assim podem ser utilizados com métodos demográficos que ajudem a contornar essas dificuldades.

Análise por Idade e Sexo

A pesquisa revelou que, em relação à idade, a mortalidade masculina é superior à feminina até a faixa etária de 75 a 79 anos. A partir dos 80 anos, essa tendência se inverte, com mais mulheres sobrevivendo. O maior número de mortes entre os homens ocorre na faixa de 15 a 34 anos, onde as causas são frequentemente externas, como homicídios, suicídios e acidentes de trânsito.

Izabel Marri ressaltou a importância de analisar os óbitos por sexo e idade, pois cada grupo apresenta características distintas. Por exemplo, a mortalidade infantil, que é um indicador importante de saúde, é mais alta entre os recém-nascidos, especialmente nos primeiros meses de vida. Com o desenvolvimento das condições de saúde e saneamento, espera-se uma redução nos óbitos infantis.

A pesquisa também mostrou que a razão de sexo dos óbitos é mais alta na faixa de 20 a 24 anos, com 371 mortes masculinas para cada 100 femininas, resultando em uma sobremortalidade masculina 3,7 vezes maior que a feminina. Isso evidencia a diferença significativa entre os sexos, com os homens apresentando maior taxa de mortalidade.

Diferenças Regionais

Em relação às diferenças regionais, o Censo apontou que o estado do Tocantins apresentou a maior proporção de óbitos masculinos, com 150 óbitos masculinos para cada 100 femininos. Outros estados com altas taxas de sobremortalidade masculina incluem Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Amapá, Amazonas e Pará. Por outro lado, os estados com menores taxas foram Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

Entre os jovens de 20 a 39 anos, Sergipe teve a maior sobremortalidade masculina, com uma razão de 3,49, seguido por Ceará, Rondônia, Bahia e Tocantins. As menores taxas foram observadas em Roraima, São Paulo e Rio de Janeiro.

Importância dos Dados

Izabel Marri destacou que as informações coletadas pelo Censo 2022 são essenciais para avaliar os indicadores de saúde da população brasileira. Os dados sobre mortalidade são fundamentais para entender a saúde pública, como a esperança de vida e a mortalidade infantil, e ajudam a orientar políticas de saúde para diferentes grupos etários.

Ela também mencionou que os registros de óbitos, tanto do Registro Civil quanto do SIM, são fontes principais para tabular indicadores de saúde. O Censo Demográfico, por sua vez, oferece uma alternativa valiosa, pois fornece informações adicionais sobre as condições de vida e características demográficas das pessoas que faleceram.

Esses dados são cruciais para que pesquisadores e formuladores de políticas possam entender melhor a dinâmica da mortalidade no Brasil e desenvolver estratégias eficazes para melhorar a saúde da população.