Brasil pode importar petróleo em 2034 sem novas descobertas

O Brasil enfrenta um desafio significativo em relação à sua produção de petróleo. A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, alertou que, se o país não conseguir explorar a margem equatorial, uma área promissora para a extração de petróleo, poderá voltar a importar o produto em 2034. Essa declaração foi feita durante uma aula aberta na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e destaca a urgência da situação.

A margem equatorial é uma região que se estende da costa do Rio Grande do Norte até o Amapá e é considerada uma nova fronteira para a exploração de petróleo, com potencial semelhante ao do pré-sal. No entanto, a exploração dessa área enfrenta resistência de ambientalistas, que temem os impactos ambientais que a atividade pode causar.

Atualmente, a Petrobras possui 16 poços na margem equatorial, mas só recebeu autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para perfurar dois deles, localizados na costa do Rio Grande do Norte. O Ibama negou a licença para outras áreas, como a Bacia da Foz do Amazonas, e a Petrobras já solicitou uma reconsideração dessa decisão, aguardando uma resposta.

Sylvia Anjos lembrou que o Brasil é autossuficiente em petróleo desde 2006, com 81% da produção nacional proveniente do pré-sal. No entanto, a produção do pré-sal está prevista para cair nos próximos anos, o que torna essencial a descoberta de novas reservas para evitar que o Brasil volte a ser um importador de petróleo.

A diretora também mencionou que a Petrobras atendeu a várias exigências do Ibama para obter a licença de exploração, incluindo a criação de um centro para acolhimento de animais em caso de derramamento de óleo e a realização de simulações de emergência ambiental. Ela criticou a disseminação de informações falsas sobre a presença de corais na foz do rio Amazonas, afirmando que estudos demonstram que não existem corais na região, mas sim rochas semelhantes.

O Ibama ainda não informou quando dará uma resposta ao pedido de reconsideração da Petrobras. A estatal também pediu à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a suspensão do prazo para realizar a exploração na Bacia da Foz do Amazonas, para não perder tempo de concessão sem a licença.

Sylvia expressou sua frustração caso a autorização não seja concedida ainda este ano, mas se mostrou otimista em relação ao futuro. Ela destacou que a Petrobras está fazendo tudo o que é necessário para obter a licença e que está confiante no processo.

Mesmo que a licença fosse concedida imediatamente, a Petrobras acredita que a perfuração não começaria antes de 2024, devido ao tempo necessário para preparar a sonda perfuradora. A falta de licença representa um prejuízo operacional para a empresa, que enfrenta custos elevados com a manutenção de sondas que ficam paradas.

A diretora também mencionou que, apesar do aumento do interesse na margem equatorial nos últimos anos, o pedido de licença da Petrobras foi feito em 2013. Na costa do Rio Grande do Norte, onde a Petrobras já obteve autorização, dois poços estão em fase de perfuração, mas ainda não há informações sobre a viabilidade econômica das reservas encontradas.

Sylvia Anjos ressaltou que a Petrobras está em busca de tecnologias que possam tornar a produção de petróleo mais eficiente e menos custosa. Ela também mencionou que grandes petroleiras estão interessadas em parcerias com a Petrobras, caso sejam descobertos reservatórios na margem equatorial.

A diretora acredita que não há contradição entre a exploração de petróleo e a política ambiental do Brasil, que visa reduzir a emissão de gases do efeito estufa. A Petrobras utiliza tecnologias que permitem uma produção de petróleo com menor emissão de dióxido de carbono. Ela destacou que a produção do pré-sal é menos poluente em comparação com a média global, e a empresa tem como meta alcançar um saldo negativo de emissão de carbono antes de 2050.

A situação atual da exploração de petróleo no Brasil é um tema de grande relevância, não apenas para a economia do país, mas também para o meio ambiente. A busca por novas reservas e a necessidade de atender às exigências ambientais são desafios que a Petrobras e o governo brasileiro terão que enfrentar nos próximos anos.