Cresce o número de usuários que compartilham pornografia no Telegram

Mais de 1 milhão de usuários compartilham pornografia.

Cresce o número de usuários que compartilham pornografia no Telegram

Notícia publicada em 23/10/2024 18:02 - #sociedade_comportamento


Um novo relatório da SaferNet, uma organização não-governamental que defende os direitos humanos na internet, revelou que 1,25 milhão de usuários do aplicativo de mensagens Telegram estão envolvidos em grupos ou canais que compartilham e vendem imagens de abuso sexual infantil e material pornográfico. O estudo, intitulado "Como o Telegram tem sido usado no Brasil como um espaço de comércio virtual por criminosos sexuais", foi apresentado na última quarta-feira (23) a autoridades como o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal.

O relatório destaca que, em um dos grupos analisados, havia 200 mil usuários ativos. A pesquisa foi realizada em 874 links denunciados à SaferNet por conterem conteúdos ilegais. Desses, 149 links ainda estavam ativos, e a SaferNet encontrou mais 66 links que nunca haviam sido denunciados antes, mas que também continham material criminoso.

Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, explicou que o levantamento foi feito entre 1º de janeiro e 30 de junho deste ano. Ele afirmou que, dos 874 links analisados, 141 ainda estavam ativos durante a verificação, que ocorreu entre julho e setembro. Desses, 41 grupos estavam envolvidos na distribuição e na venda de imagens de abuso sexual infantil, criando um ambiente que ele descreveu como uma "feira livre" de crimes digitais.

No Brasil, a Lei estabelece que a venda ou exposição de imagens de sexo explícito envolvendo crianças e adolescentes é crime. A SaferNet considera que quem consome esse tipo de material é cúmplice do abuso. Tavares ressaltou que os usuários e administradores desses grupos cometem diversos crimes, incluindo a venda de imagens de nudez e de sexo sem consentimento, além de material gerado por inteligência artificial.

O relatório também revelou que muitos conteúdos são publicados por bots, que são robôs programados para criar novas imagens mediante pagamento. Esses bots permitem que os usuários façam upload de fotos e recebam imagens pornográficas em troca, utilizando métodos de pagamento como PIX e outras fintechs. Tavares alertou que esses métodos de pagamento podem estar associados a atividades ilegais, como lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo.

A SaferNet pediu ao Ministério Público que notifique o Banco Central e a Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro para que sejam feitas investigações sobre como esses pagamentos estão sendo processados e para que sejam propostas recomendações para melhorar a regulação do setor no Brasil.

O Telegram é o aplicativo que mais recebe denúncias de conteúdos ilegais, segundo a SaferNet. Desde 2021, ele está entre os dez domínios com mais links associados à pornografia infantil. A plataforma tem sido criticada por não remover comunidades e usuários que praticam crimes, como discriminação racial e exploração sexual de crianças.

Tavares descreveu o Telegram como uma "empresa obscura" que opera globalmente, com 900 milhões de usuários e apenas 35 engenheiros para gerenciar a plataforma. Ele afirmou que a empresa não está em conformidade com a legislação brasileira e com os direitos fundamentais estabelecidos na Constituição.

A Agência Brasil tentou entrar em contato com o Telegram para obter uma resposta sobre o relatório, mas não obteve retorno até a publicação da matéria.

Para quem deseja denunciar conteúdos ilegais, a SaferNet disponibiliza uma Central Nacional de Denúncias, onde é possível reportar imagens de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Além disso, o Telegram também permite que os usuários reportem conteúdos criminosos através do e-mail abuse@telegram.org, incluindo detalhes sobre a denúncia.

A situação é alarmante e destaca a necessidade de ações mais eficazes para combater a exploração sexual infantil na internet. A SaferNet continua a trabalhar para identificar e denunciar esses crimes, buscando proteger as crianças e adolescentes no ambiente digital.


Wiki: Telegram (aplicativo)
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