Jornalista sofre injúria racial em farmácia de Santos

Na noite de segunda-feira, 21 de agosto, um incidente grave ocorreu em uma farmácia no bairro de Pompeia, em Santos, São Paulo. Uma mulher de 47 anos, que é jornalista, foi acusada injustamente de furtar um desodorante. O caso chamou a atenção da mídia e gerou repercussão nas redes sociais, levantando questões sobre racismo e discriminação no atendimento ao cliente.

De acordo com informações divulgadas pelo portal G1, a mulher foi seguida e abordada por funcionários da farmácia após a acusação de furto. Um dos empregados foi descrito como truculento e intimidou a jornalista durante a abordagem. A situação se agravou quando a mulher relatou que a ação foi motivada por racismo, o que levou a uma resposta da Secretaria da Segurança Pública.

A polícia foi chamada ao local e, ao chegar, os policiais foram informados sobre a acusação de furto. O funcionário que fez a acusação acabou reconhecendo que havia cometido um erro e pediu desculpas à mulher. A Secretaria da Segurança Pública destacou que a mulher foi orientada a registrar uma ocorrência na Polícia Civil, o que é um passo importante para que casos de injúria racial sejam formalmente documentados e investigados.

A empresa responsável pela farmácia, a RD Saúde, que opera as redes Droga Raia e Drogasil, emitiu uma nota lamentando profundamente a situação e se solidarizando com a cliente. A empresa informou que tomou a decisão de desligar os funcionários envolvidos no incidente. Além disso, a RD Saúde ressaltou que a conduta dos empregados não reflete os procedimentos e treinamentos que a empresa oferece, que incluem temas de atendimento e diversidade.

A empresa também se comprometeu a colaborar com as investigações do caso e reafirmou seu compromisso em promover ambientes seguros e livres de discriminação. Essa postura é fundamental, especialmente em um momento em que a sociedade está cada vez mais atenta a questões de racismo e discriminação em diversos setores.

É importante destacar que, desde janeiro de 2023, a legislação brasileira passou a tratar os crimes de injúria racial e racismo com a mesma severidade. A Lei nº 14.532/2023 estabelece que as penas para esses crimes variam de dois a cinco anos de reclusão, além de multa. Essa mudança na legislação é um avanço significativo no combate ao racismo, pois agora ambos os crimes são considerados imprescritíveis, ou seja, podem ser processados a qualquer momento, independentemente do tempo que tenha passado desde a ocorrência.

Em resposta ao incidente, a Fundação Procon-SP notificou a rede Raia Drogasil para que prestasse esclarecimentos sobre o ocorrido. A notificação também solicita que a empresa identifique a empresa responsável pelos serviços de segurança, para que esta também possa ser chamada a se explicar. A Raia Drogasil tem até o dia 29 de outubro para enviar as informações solicitadas ao Procon-SP.

Além disso, o Procon-SP convidará a empresa a aderir aos 10 princípios para o enfrentamento do racismo nas relações de consumo, uma iniciativa que visa promover um ambiente mais justo e igualitário nas interações comerciais. O Procon-SP também possui um canal específico para denúncias de atitudes racistas durante relações de consumo, conhecido como Procon Racial. Esse canal é uma ferramenta importante para que consumidores possam relatar e buscar soluções para casos de discriminação.

O caso da jornalista em Santos é um lembrete de que o racismo ainda é uma realidade presente em nossa sociedade e que é fundamental que todos nós, como cidadãos, estejamos atentos e prontos para combater essa prática. A educação e a conscientização são essenciais para que possamos construir um ambiente mais respeitoso e igualitário para todos. A resposta das instituições e empresas envolvidas será crucial para que episódios como esse não se repitam e para que a sociedade avance na luta contra o racismo.