BHP é acusada de interferir em julgamento sobre tragédia de Mariana

No julgamento que ocorre em Londres sobre a tragédia de Mariana, a BHP, uma mineradora anglo-australiana, está sendo acusada de financiar um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil. O objetivo seria retirar 46 municípios da ação coletiva que busca uma indenização recorde de R$ 230 bilhões. Essa ação é movida por 620 mil vítimas do desastre que ocorreu em 2015, quando a barragem da Samarco, controlada pela BHP e pela Vale, se rompeu, resultando na morte de 19 pessoas e na contaminação do Rio Doce.

A acusação afirma que a BHP tenta interferir no processo judicial, alegando que a tramitação na Justiça internacional ameaça a soberania do Brasil. A defesa das vítimas critica essa manobra, afirmando que os municípios têm o direito de buscar reparação fora do país. O advogado Andrew Fulton, que representa as vítimas, destacou que a ação não envolve questões de soberania, mas sim uma busca por justiça em um tribunal.

O julgamento, que deve durar cerca de três meses, já teve suas alegações iniciais apresentadas. A BHP nega as acusações e argumenta que a ação prejudica os esforços para um acordo financeiro no Brasil. Recentemente, a Vale propôs um novo acordo de R$ 170 bilhões, que foi criticado por falta de clareza e por não ter consultado as vítimas durante as negociações.

As vítimas da tragédia incluem trabalhadores que perderam seus empregos e famílias que sofreram perdas irreparáveis. A lama tóxica liberada pelo rompimento da barragem afetou uma vasta área, chegando até o Oceano Atlântico. O escritório Pogust Goodhead, que representa as vítimas, está coletando evidências e realizando consultas para quantificar os danos e buscar justiça para os afetados.