Rio de Janeiro cria comitê para apoiar transplantados com HIV

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) tomou uma importante iniciativa ao criar o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COEs). Essa decisão foi publicada no Diário Oficial no dia 15 de agosto e tem como objetivo principal oferecer um suporte mais eficaz aos pacientes que foram transplantados e que estão enfrentando complicações relacionadas ao vírus HIV. Essa ação é especialmente relevante em um momento em que a saúde pública está sob pressão devido a casos de contaminação que afetam diretamente a segurança dos transplantes de órgãos.

A secretária de Saúde do estado, Claudia Mello, explicou que o comitê é ativado sempre que há uma emergência em saúde pública. Ela mencionou que esse dispositivo já foi utilizado em situações anteriores, como durante a pandemia de covid-19 e a epidemia de dengue. Neste momento, o comitê realizará encontros diários para garantir que as respostas às necessidades dos pacientes sejam rápidas e eficazes, ajudando a minimizar os impactos dessa situação alarmante.

Inspeções nas Unidades Hospitalares

Além da criação do comitê, a SES-RJ também iniciou uma série de inspeções nas unidades hospitalares que realizam a captação de órgãos. Essas inspeções são conduzidas pela Vigilância Sanitária estadual e têm como objetivo revisar a aplicação das normas e procedimentos relacionados aos transplantes. Uma equipe especializada em Segurança do Paciente está visitando as unidades que realizam transplantes para garantir que todos os protocolos de segurança estejam sendo seguidos.

Ações de Apoio aos Pacientes

A criação do comitê é apenas uma das várias ações que a secretaria está implementando para apoiar os pacientes afetados. Uma comissão multidisciplinar foi formada para acolher esses pacientes, identificando suas necessidades específicas e oferecendo o suporte necessário. O Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) foi designado como referência para o atendimento a esses pacientes, que já começaram a receber medicamentos através do Sistema Único de Saúde (SUS).

Após a descoberta de irregularidades, o laboratório privado que havia sido contratado pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes teve seus serviços suspensos e está interditado cautelarmente. Os exames que eram realizados por esse laboratório agora estão sendo feitos pelo Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (Hemorio). Este instituto também está reavaliando todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores que foram coletadas entre dezembro de 2023 e setembro de 2024, período em que o laboratório PCS Lab Saleme, de Nova Iguaçu, estava ativo e é alvo de investigação pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.

Investigação e Responsabilidade

Uma sindicância foi instaurada para investigar as circunstâncias que levaram a essa situação e para identificar os responsáveis. A secretaria enfatizou que, devido à necessidade de preservar a identidade dos doadores e dos pacientes transplantados, não serão divulgados detalhes sobre as circunstâncias do caso. Claudia Mello destacou que a secretaria está comprometida em esclarecer os fatos e punir os responsáveis, ressaltando que o serviço de transplantes no estado do Rio de Janeiro sempre foi reconhecido pela sua excelência, tendo salvado a vida de mais de 16 mil pessoas desde 2006.

A criação do comitê e as ações subsequentes demonstram um esforço significativo do governo do estado para garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes transplantados, especialmente aqueles que estão lidando com a contaminação pelo HIV. A saúde pública é uma prioridade, e medidas como essas são essenciais para restaurar a confiança da população nos serviços de transplante e na segurança dos procedimentos médicos.