Servidores protestam contra nova gestão no Hospital de Bonsucesso
Manifestação impede nova gestão no hospital.
Notícia publicada em 15/10/2024 20:05 - #saude
Um grupo de servidores da saúde federal e membros do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado do Rio de Janeiro (Sindsprev/RJ) está realizando uma manifestação em frente ao Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, desde as 6h da manhã desta terça-feira, dia 15. O objetivo do protesto é impedir a entrada da nova equipe de gestão, que pertence ao Grupo Hospitalar Conceição (GHC), do Rio Grande do Sul, e que foi designada pelo Ministério da Saúde para assumir a administração do hospital.
A mudança na gestão foi oficializada por meio de uma portaria assinada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, que foi publicada no Diário Oficial da União. Essa portaria determina a descentralização dos serviços de saúde do Hospital Federal de Bonsucesso, transferindo a responsabilidade da gestão para o GHC. A equipe do GHC, composta por profissionais especializados em gestão hospitalar, infraestrutura e assistência, chegou ao hospital acompanhada por policiais federais para garantir a segurança de todos os envolvidos.
O secretário adjunto de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Nílton Pereira Júnior, que estava presente no local, informou que a polícia foi chamada para evitar qualquer tipo de confronto. Ele destacou que a intenção do governo é promover o diálogo e evitar o uso da força. No entanto, os manifestantes, que se opõem à mudança de gestão, não mostraram disposição para negociar. Segundo Pereira Júnior, a manifestação já era esperada, e uma decisão judicial havia sido emitida no dia anterior, permitindo a entrada da nova equipe.
Os manifestantes, que se posicionaram em frente à entrada do hospital com faixas e cartazes, expressaram seu descontentamento com frases como “Não ao fatiamento” e “Não à privatização”. O secretário mencionou que mais de 80 pessoas, que foram selecionadas pelo GHC, estavam prontas para iniciar a nova gestão, mas foram barradas pela manifestação. Ele também ressaltou que a situação estava sendo monitorada e que tentativas de negociação estavam sendo feitas, mas até o momento sem sucesso.
A situação se complicou ainda mais quando um oficial de justiça notificou os manifestantes sobre a decisão judicial que permitia a entrada da nova gestão. Apesar disso, o bloqueio continuou, e os manifestantes se mantiveram firmes em sua posição. O secretário Pereira Júnior comentou que a maioria dos funcionários do hospital está a favor da mudança, pois desejam que a unidade volte a funcionar plenamente, já que atualmente enfrenta sérios problemas, como a suspensão do serviço de emergência e o fechamento de mais de 200 leitos.
O Sindsprev/RJ, por sua vez, divulgou um comunicado em seu site informando que estava em negociação com o Ministério da Saúde para discutir os pontos do acordo de greve de 2023 que ainda não foram cumpridos. O sindicato também anunciou que os servidores continuariam em vigília na entrada do hospital para impedir a entrada do GHC. A dirigente do Sindsprev/RJ, Cristiane Gerardo, afirmou que a gestão do hospital estava sendo desmontada para ser entregue ao Grupo Conceição, e que isso estava ocorrendo de forma autoritária, sem diálogo com os servidores e a sociedade.
O secretário Nílton Pereira Júnior, por outro lado, defendeu a mudança, afirmando que a nova gestão é necessária para reverter o processo de sucateamento do hospital. Ele destacou que a maioria dos profissionais deseja que o hospital volte a ser uma referência no atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS), com a reabertura da emergência, leitos, UTI e centro cirúrgico. Pereira Júnior lamentou que a nova gestão não pôde iniciar o processo de transição devido à manifestação, ressaltando que o hospital é uma unidade pública e que a equipe do GHC tem o direito de assumir a gestão conforme determinado pelo Ministério da Saúde.
A situação no Hospital Federal de Bonsucesso continua tensa, com os manifestantes firmes em sua posição e a nova gestão aguardando a oportunidade de entrar e iniciar os trabalhos. O desfecho desse impasse ainda é incerto, mas a expectativa é que as negociações entre as partes envolvidas possam trazer uma solução para a crise que se instalou na unidade de saúde.