Jovem se surpreende com uso indevido de registro profissional em exames de HIV

Uma jovem artesã, que atualmente vive em Recife, ficou chocada ao descobrir que seu registro de biomédica foi utilizado sem autorização em exames de pacientes com HIV. O laboratório PCS Saleme, responsável pelos testes, associou o nome dela a um laudo que afirmava que uma doadora não tinha o vírus, mas que, na verdade, infectou seis pessoas após transplantes.

Júlia Moraes de Oliveira Lima, cujo registro foi cancelado no ano passado por falta de pagamento, não exerce mais a profissão de biomédica. Ela relatou que ficou muito nervosa e preocupada ao saber que seu nome estava vinculado a um caso tão sério. "É horrível que eu esteja sendo vinculada a essa história que eu, literalmente, não tenho nada a ver", desabafou.

O exame em questão foi assinado por Jacqueline Iris Bacellar de Assis, mas utilizou o número de registro de Júlia. O caso gerou uma investigação que envolve o Ministério da Saúde, o Ministério Público do Rio de Janeiro, a Polícia Civil e a Polícia Federal.

O laboratório PCS Saleme, que já recebeu mais de R$ 20 milhões do governo para realizar exames, foi apontado como responsável por erros em dois exames que resultaram na infecção de pacientes transplantados. A Secretaria de Saúde do estado do Rio de Janeiro abriu uma sindicância para apurar o caso e suspendeu os serviços do laboratório.

As autoridades estão reavaliando todos os exames realizados pelo laboratório desde dezembro de 2023, e uma comissão foi criada para apoiar os pacientes afetados. O caso levanta preocupações sobre a segurança dos processos de doação e transplante de órgãos no Brasil.